A Globo acabou de lançar Tudo por Uma Segunda Chance, sua primeira novela totalmente vertical e pensada para o consumo rápido das redes sociais.
Parece só mais uma adaptação do formato clássico, mas, quando você olha de perto, percebe que esse movimento diz muito sobre para onde o entretenimento (e a nossa atenção) está indo.
A Globo não inventou a novela vertical
Antes de mais nada: novelas verticais já existiam, e em grande quantidade. Plataformas de vídeos curtos como Instagram, TikTok e Kwai já vinham acumulando milhões de visualizações com microdramas em vídeos de 1 a 3 minutos.
Mas entõ o que a Globo fez? Acrescentou escala, dinheiro e padrão técnico.
De repente, o que antes era visto como “novela de TikTok” vira um produto com 50 episódios, elenco conhecido, direção profissional e distribuição massiva em todas as redes.
A ideia não é inédita, mas agora ganha proporções industriais.
O maior problema não está na história
As críticas ao ritmo acelerado da novela vertical são sempre as mesmas: reviravoltas comprimidas, conflitos que explodem em segundos e uma narrativa que mal deixa o espectador respirar.
Mas isso não é defeito do formato, é a essência dele.
Novelas verticais precisam competir com vídeos de 12 segundos, trends, humor instantâneo e timelines hiperativas. A velocidade não só é esperada, é necessária para manter a atenção.
No streaming, maratonar é o impulso natural.
Nas redes sociais esse impulso é ainda mais forte, e interrompê-lo pode custar caro.
Estamos vendo o nascimento de um novo tipo de novela
Seja pela necessidade de acompanhar o consumo acelerado, pela pressão das plataformas ou pela disputa pela atenção, novelas verticais representam uma nova forma de criar.
Tudo por Uma Segunda Chance pode ter estreado entre elogios e críticas, mas uma coisa já está clara: A Globo não está testando um produto, está testando um hábito.
E a pergunta que fica é simples e poderosa:
Se novelas podem ser consumidas como vídeos curtos, o que mais no entretenimento tradicional vai desmoronar?