Introdução

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) emitiu um posicionamento firme contra a construção de uma usina de dessalinização na Praia do Futuro, em Fortaleza, Ceará. A decisão baseia-se em preocupações significativas sobre o impacto potencial na infraestrutura crítica de telecomunicações do país, o que pode levar a interrupções graves no tráfego de internet.

A Posição da Anatel

Em ofício enviado à Secretaria do Patrimônio da União, ao Ministério das Comunicações e ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, a Anatel expressou suas preocupações sobre os riscos associados ao projeto. Embora as infraestruturas de telecomunicações no mar estejam a uma distância de 500 metros do projeto, a Anatel destacou que as atividades da usina, particularmente os dutos que emitem jatos de alta pressão de rejeitos salinos, podem perturbar o leito marinho. Essa perturbação pode afetar diretamente os cabos submarinos que são vitais para o tráfego de dados no Brasil.

Importância dos Cabos Submarinos

Fortaleza é um hub crucial para a conectividade de internet no Brasil, sendo responsável por 99% do tráfego de dados que chegam ao país. Um rompimento ou qualquer dano significativo a esses cabos pode resultar em um apagão na internet ou, no mínimo, em uma desaceleração severa do serviço. A Anatel enfatiza que a integridade desses cabos é essencial para a manutenção da infraestrutura de telecomunicações do Brasil.

Detalhes da Usina de Dessalinização

A usina de dessalinização planejada é anunciada como a maior da América Latina para abastecimento humano, com capacidade de produzir mil litros de água por segundo. Utilizando a tecnologia de osmose reversa, a usina retirará os sais da água do mar para torná-la potável. O projeto é liderado pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e será operado pelo consórcio SPE Águas de Fortaleza, que venceu o edital com um investimento previsto de R$ 3,2 bilhões ao longo de 30 anos.

Resposta do Governo do Ceará

O Governo do Ceará criticou a posição da Anatel, argumentando que a agência não tem o direito de vetar o projeto e sugerindo que a decisão da Anatel está sendo influenciada por interesses de grupos econômicos. Esta tensão destaca a complexidade de equilibrar necessidades críticas de infraestrutura com projetos de desenvolvimento essencial, como a dessalinização de água.

Conclusão

A rejeição da Anatel à construção da usina de dessalinização na Praia do Futuro levanta importantes questões sobre a gestão de infraestruturas essenciais e a mitigação de riscos. Com a internet desempenhando um papel central na economia e na vida cotidiana, qualquer ameaça à integridade dos cabos submarinos deve ser tratada com extrema cautela. A decisão final sobre o projeto exigirá uma análise cuidadosa das necessidades de desenvolvimento sustentável versus a proteção da infraestrutura crítica de telecomunicações.

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